Descrição | Placa decorativa que esteve encastrada num dos contrafortes norte da Sé de Lisboa, desde o séc. XII, e foi transferida para o seu tesouro. É uma peça em calcário branco, com uma sequência decorativa em baixo-relevo, representando três arcos com festões, assentes em pequenas colunas, ornamentados com palmetas, cujas bases são ligadas por uma fina corda onde assentam três vieiras e, nestas, dois cervídeos em cada extremo e duas aves no centro. Decoração vegetalista preenche os espaços vazios. Provavelmente do período califal, dada a proximidade a alguns marfins cordoveses desse período. Iconograficamente, também apresenta similitudes com algumas estelas coptas com representações do paraíso. Esta peça representa uma tentativa de passagem para o calcário branco de Lisboa das técnicas de relevo mais refinadas, próprias da carpintaria, eburneria e estucado árabes. Teria pertencido originalmente a um edifício cristão construído durante a época islâmica.
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Bibliografia | Cláudio Torres e Santiago Macias, O legado islâmico em Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, p. 101; Manuel Luís Real, “Painel ornamental” in Discover Islamic Art. Place: Museu With No Frontiers, 2014; Idem, "Placa ornamental. Calcário branco compacto", Portugal Islâmico. Os últimos sinais do Mediterrâneo. Catálogo de exposição, Lisboa, IPM, MNA, 1998, p. 80; Manuel Luís Real, "Inovação e resistência: dados recentes sobre a antiguidade cristã no Ocidente Peninsular", IV Reunió D'Arqueologia Cristiana Hispànica, Barcelona, Institut d'Estudis Catalans, 1995, p. 58; Idem, “Portugal: cultura visigoda e cultura moçárabe”, Visigodos y omeyas; un debate entre la antiguedad tardía y la alta Edad Media, Madrid, Mérida, 2000; P. A. Fernandes, “O sítio da Sé de Lisboa antes da reconquista”, Artis, n.º 1, 2002, pp. 57-87.
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