Património

Castelo de Palmela

LocalPalmela / Palmela
DesignaçãoCastelo de Palmela
CronologiaSéc. VIII-IX
DescriçãoA primitiva estrutura militar islâmica situar-se-ia na secção Nascente do actual castelo, desenvolvendo-se em planta rectangular, ligeiramente em semicírculo, com 5 a 6 torres, tendo acesso pelo lado ocidental. A definição deste perímetro, correspondente à alcáçova, terá ocorrido durante o séc. X, embora haja testemunhos materiais que indiciam a ocupação deste espaço desde finais do séc. VIII, associados a habitações e estruturas defensivas cuja definição da cronologia é ainda pouco segura, como é o caso da torre de ângulo a nordeste, com base formada por grandes blocos de alvenaria assentes sobre a rocha e construída segundo a técnica da soga e tissão. A partir do séc. X e até ao séc. XIII, o espaço fortificado foi amplamente alargado, passando a abranger o núcleo central e ocidental do actual castelo. Estas reconstruções usam aparelhos de pedra média irregular, disposta em fiadas, unidas por argamassa e consolidadas, nas juntas, por pedra miúda e fragmentos de tijolo. A construção do poço-cisterna, posteriormente integrado na igreja de Santa Maria, datará desse período. Escavações dentro da alcáçova, identificaram algumas estruturas habitacionais adossadas à muralha norte, que testemunham a sua ocupação até ao séc. XI, tendo sido depois (sécs. XI-XII) reutilizadas e adaptadas ou integralmente substituídas. Também foram descobertos fornos de forja, indícios de actividade metalúrgica no castelo, possivelmente ligada à sua relevância administrativa enquanto atalaia para a vigilância inter-estuarina. Em 1147, dá-se a conquista cristã de Palmela mas, até à conquista de Alcácer do Sal, a região continuou a ser alvo de incursões muçulmanas. Em 1191, al-Mansur arrasou o castelo. Junto à muralha nascente, encontraram-se vestígios dos anos de ocupação almóada (1191-94), embora não tenham sido registadas intervenções na arquitectura militar durante este período. O castelo de Palmela, tal como outros castelos das regiões estuarinas do Sado e do Tejo (Sesimbra, Alcácer, Sintra), desempenhou um papel defensivo de extrema importância desde o califado e poderia ter funcionado por ribât (estruturas defensivas que partilhavam as funções de vigilância e controlo litorâneos com um carácter religioso), antes de se definir como hisn, estrutrura defensiva ligada a um espaço agrícola envolvente.
BibliografiaCláudio Torres e Santiago Macias, O legado islâmico em Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, p. 89; Isabel Cristina Ferreira Fernandes, "Palmela no período da reconquista", Muçulmanos e cristãos entre o Tejo e o Douro (sécs. VIII-XIII), Palmela, Porto, Câmara Municipal de Palmela, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2002, pp. 311-325; Idem, "Uma forja islâmica em Palmela", Al-Ândalus. Espaço de Mudança. Balanço de 25 anos de história e arqueologia medievais. Seminário Internacional, Mértola, 16 a 18 Maio de 2005, Mértola, Campo Arqueológico de Mértola, 2006, pp. 171-180; Idem, "Castelo de Palmela", in Discover Islamic Art. Place: Museum With No Frontiers, 2014; Idem, "Aspectos da Litoralidade do Gharb Al-Andalus: os portos do Baixo Tejo e do Baixo Sado", Arqueologia Medieval, 9, 2005, p. 53-55; Jacinta Bugalhão e Isabel Cristina Fernandes, "A cerâmica islâmica nas regiões de Lisboa e Setúbal", Arqueologia Medieval, 12, 2012, pp. 80-81; Idem, "A península de Setúbal em época islâmica", Arqueologia Medieval, 7, 2001, pp. 185-209; Isabel Cristina Fernandes, "Palmela Medieval e Moderna: a leitura arqueológica", Palmela Arqueológica no contexto da região interestuarina Sado / Tejo, Palmela, Município de Palmela, 2012, pp. 111-132; Idem, "Palmela – um castelo e um território no período islâmico: estado da investigação e perspectivas", Xelb, 9 (Actas do 6º Encontro de Arqueologia do Algarve), 2009, pp. 393-403; Isabel Cristina Fernandes, "O Castelo de Palmela: herança islâmica e domínio da Ordem de Santiago", Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500): Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos, Lisboa, Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela, 2001, pp. 571-578; Isabel Cristina Fernandes, O castelo de Palmela: do islâmico ao medieval cristão, Lisboa, Colibri, 2004; Idem e C. Picard, "La Défense côtière à l'époque musulmane: l'exemple de la presqu'île de Setúbal", Archéologie Islamique, n.º 8, 1999, pp. 67-94.
Linkshttp://igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70171/
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4075
http://www.discoverislamicart.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;31;pt



Categoria(s)Arquitetura
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