Património

Castelo Velho de Alcoutim

LocalAlcoutim / Alcoutim / Cerro de Santa Bárbara
DesignaçãoCastelo Velho de Alcoutim
CronologiaSécs. IX-XI
DescriçãoExtenso aldeamento de cume dominado por uma pequena área fortificada (hisn), com povoação associada, ocupado desde o período emiral (séc. VIII-X) e abandonado em finais do séc. XII. Situada sobre o rio Guadiana, a cerca de um quilómetro de Alcoutim, esta fortificação terá sido edificada em meados do séc. IX, tendo sofrido uma remodelação em época califal. Alguns acrescentos datarão do período dos reinos de taifa. O progressivo abandono terá decorrido durante o séc. XI, embora seja difícil precisar. As estruturas postas a descoberto revelaram cortinas de muralha com construção de pedra seca, composta de blocos de xisto e gravauque sobrepostos, com os intervalos preenchidos por terra e lascas de pedra talisca. Teria duas cinturas de muralha: o fortim central na parte superior do cabeço (pequeno alcácer de planta rectangular de 22x32 m lado, com área interna de 704m2) e uma segunda cintura de traçado regular (com planta de 35/40 x 80 m lado) que circunda a encosta. Às duas cinturas de muralha estavam adossados vários torreões de planta quadrangular e rectangular irregular. No interior do fortim, foram identificadas duas portas: uma voltada para Norte, mais simples, de entrada directa, estreita e sobrelevada; e outra voltada a Este, em direcção ao Guadiana, a qual corresponderia à entrada principal. A tipologia destas portas remete para modelos omíadas, com entrada em ângulo simples. Outro elemento identificado na sequência da intervenção arqueológica no castelo foi uma cisterna encostada à muralha Sul, de planta rectangular (conjunto: 10,2 x 3,6 m; reservatório: 2,5 x 4,8 m), com paredes construídas em xisto e grauvaque e argamassadas com cal hidráulica. Também postos a descoberto os alicerces de várias estruturas habitacionais correspondentes às várias fases de ocupação da fortificação, quer no interior do fortim, quer no espaço circundado pela segunda cintura de muralhas. Estas estruturas eram construídas, à semelhança das muralhas, com xisto e gravauque extraídos das proximidades do cerro. Entre os materiais cerâmicos exumados, destacam-se as cerâmicas comuns vidradas e não vidradas, estando ausentes as peças decoradas em corda seca e estampilhadas características do período almoada. Este é um indício do abandono do castelo em finais do século XI.
BibliografiaCláudio Torres e Santiago Macias, O legado islâmico em Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, p. 185; Helena Catarino, O Algarve Islâmico. Roteiro por Faro, Loulé. Silves e Tavira, Faro, Comissão de Coordenação da Região do Algarve, 2002, p. 34-35; Cristina Garcia, "Castelo Velho de Alcoutim", in Discover Islamic Art. Place: Museum With No Frontiers, 2014; Helena Catarino, Jaquelina Covaneiro e Sandra Cavaco, "O Sotavento Algarvio", Arqueologia Medieval, 12, 2012, pp. 149-150; Helena Catarino, “Castelos Muçulmanos do Algarve”, Noventa Séculos entre a Serra e o Mar, Lisboa, IPPAR, 1997, p. 454; Helena Catarino, "Castelos e território omíada na kura de Ocsonoba", Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500). Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos, Lisboa, Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela, 2002, p. 39; Helena Catarino, "O Algarve Oriental durante a ocupação islâmica. Povoamento e recintos fortificados", Al-'Ulyã, 6, vol. I, pp. 303-403; Idem, "Cerâmicas omíadas do Garb Al-Andalus: resultados arqueológicos no Castelo Velho de Alcoutim e no Castelo das Relíquias (Alcoutim)", Arqueología y Territorio Medieval, n.º 6, 1999, pp. 113-132; Helena Catarino, “Arqueologia medieval islâmica no Algarve: Alcoutim, Salir e Paderne”, Actas do Encontro de Arqueologia do Algarve, Faro, 1990, pp. 123-131.
Linkshttp://igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/74092/
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=5641
http://www.discoverislamicart.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;29;pt


Categoria(s)Arquitetura
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