Património

Talha nasarí

LocalLisboa / Lisboa
Entidade TitularMuseu Nacional de Arte Antiga
DesignaçãoTalha nasarí
CronologiaFinais séc. XV
Dimensões127,4 cm altura; 28,3 cm diâmetro bordo; 59,4 cm diâmetro máximo; 15,6 cm diâmetro base.
DescriçãoTalha em cerâmica, fabricada com pasta de cor rosada clara e textura homogénea e compacta, contendo elementos não plásticos. Tem bordo de lábio extrovertido, com perfil sub-rectangular, colo alto e poligonal, corpo ovóide assente em pé troncocónico e duas grandes asas opostas e planas. A decoração da peça foi realizada em fases. A primeira fase decorativa, antes da cozedura, foi realizada com finas incisões, dando forma aos motivos ornamentais. Após a cozedura inicial, as superfícies foram cobertas de esmalte estanhífero de cor branca opaca e novamente cozidas em formo oxidante. Depois, foi aplicado o reflexo metálico e a peça foi de novo ao forno. Finalmente, os motivos foram coloridos, contornados a manganês. A peça apresenta uma policromia em branco, azul cobalto, dourado e manganês. A decoração do colo ostenta reflexos metálicos e pintura a azul cobalto e divide-se em 16 painéis que se prolongam até uma sucessão de quatro bandas horizontais delimitadas por cordões. O corpo apresenta motivos decorativos de teor zoomórfico, fitomórfico, epigráfico, geométrico, além de volutas e um cordão da eternidade que divide o colo do corpo. Esta decoração permite identificar o anverso e o reverso da peça. No anverso, as asas são decoradas com palmetas e flores de lótus unidos por linhas de cor castanhas e emoldurados por uma linha a azul cobalto que delimita o perfil das asas. A parte superior do corpo ostenta um complexo arabesco a branco e azul cobalto enquadrado numa cartela de volutas, ladeada por duas gazelas e motivos fitomórficos. Segue-se uma banda epigráfica que se prolonga por todo o perímetro do corpo. A parte inferior, que se repete no anverso e no reverso da talha, tem como motivo central um medalhão preenchido por palmetas e folhas, ladeado por palmetas, bolbos de lótus e pinhas e por quatro cartelas subtriangulares contornadas por volutas: as do reverso, preenchidas com motivos fitomórficos, as do anverso, com epígrafes. No reverso, a parte superior do corpo é decorada com duas gazelas tocando os focinhos rodeados por elementos vegetalistas, estando todo o conjunto enquadrado numa cartela formada por volutas e ladeada por bandas epigráficas, entre as quais se destaca um círculo com o símbolo corânico de pausa. Dada a riqueza da decoração, esta talha teria uma função decorativa e simbólica. As características formais e decorativas da talha, inserem-na no domínio das produções nasarís de Granada elaboradas nas últimas décadas do século XV.
BibliografiaTânia Casimiro, "A talha nasarí do Museu Nacional de Arte Antiga", Arqueologia Medieval, 10, 2008, pp. 223-236.
Categoria(s)Arqueologia Utensílios