Património

Castelo e muralhas de Elvas

LocalElvas / Elvas
DesignaçãoCastelo e muralhas de Elvas
CronologiaSéc. IX
DescriçãoMuralha em taipa cuja construção remonta ao período de ocupação muçulmana. Conquistada em 1228 pelas tropas portuguesas, o castelo e a muralha foram reconstruídos. Da original muralha islâmica, apenas restam apenas alguns vestígios integrados na malha urbana e em construções posteriores. No momento da reconquista, Elvas era constituída, intra-muros, por dois bairros distintos: a alcáçova e o núcleo urbano principal. A alcáçova apresenta uma planta rectangular irregular, com um perímetro de c. 540 metros e situa-se na zona mais elevada da povoação. Fernando Branco Correia pondera a hipótese de ter ali existido um oppidum ou outro tipo de ocupação durante o período romano. O actual castelo parece aproveitar, nas faces Noroeste e Nordeste, o perímetro da antiga alcáçova. Aliás, o muro virado a Noroeste, construído em taipa posteriormente rebocada, pode constituir um vestígio da fortificação islâmica. Branco Correia também considera a possibilidade de, no período islâmico, ter existido uma construção militar tipo saluqiyya num dos cantos da alcáçova, de onde era possível o contacto visual com Badajoz. A alcáçova possuía três portas. Uma delas, virada a sul, também conhecida por Porta do Miradeiro, era defendida originalmente por duas torres maciças e quadrangulares antiga porta da cidade. O seu traçado original foi destruído em 1887 e apenas resta um registo fotográfico de finais do séc. XIX, obra de um viajante polaco. As características do arco, com entrada em linha recta e arco em ferradura não apontado e sem alfiz remetem para uma cronologia recuada no contexto islâmico, possivelmente para o século X. Um outro acesso à alcáçova fazia-se a Sudoeste, pela Porta do Templo, uma porta dupla, em cotovelo, cuja câmara intermédia apresenta uma planta quadrada com cerca de 12 metros quadrados de área. Possui um duplo arco em ferradura, moldurado por alfiz, e a sua construção pode ser atribuída à época almóada. Actualmente encontra-se no pátio de uma casa particular, num sítio outrora conhecido como Poço do Alcalá. Quanto à terceira porta da alcáçova, a Porta da Traição, terá sido aberta já depois da conquista cristã. Relativamente ao núcleo urbano principal, ou medina, este é cingido por uma muralha com um perímetro de cerca de 1300 metros. Em alguns pontos, ainda é possível detectar vestígios de muros em taipa (dos dois lados do Arco do Bispo, a oeste do Arco da Encarnação, sobre o Arco da Praça e um lanço junto ao actual Centro Cultural). A morfologia dos merlões encontrados em alguns lanços da muralha também evidencia a sua origem islâmica: as ameias almofadadas, ladeadas por dois sulcos ou depressões laterais e as suas dimensões têm paralelo nas muralhas almoadas de Sevilha. A muralha da medina é protegida por torres quadrangulares e maciças, algumas de construção em taipa, remetendo para uma origem islâmica. É o caso da torre do Arco da Encarnação tipologicamente muito próxima da "torre de Espantaperros" da Alcáçova de Badajoz.
BibliografiaCláudio Torres e Santiago Macias, O legado islâmico em Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 1998, pp. 128-129; Fernando Branco Correia, "Porta da Alcáçova", in Discover Islamic Art. Place: Museum With No Frontiers, 2014; Idem, "Porta do Templo", Ibidem; Fernando Branco Correia, "O sistema defensivo da Elvas Islâmica", Mil Anos de Fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500-1500). Actas do Simpósio Internacional sobre Castelos, Lisboa, Edições Colibri / Câmara Municipal de Palmela, 2002, pp. 357-367; Fernando Branco Correia, "Juromenha, Elvas e Alandroal: algumas reflexões em torno de fortificações islâmicas e cristãs do curso médio do Guadiana", Boletim Cultural Cira, n.º 7, 1997, pp. 111-128: Idem, Elvas na Idade Média. Tese policopiada, 1999; Luís Keil, Inventário Artístico de Portugal – vol. I (Distrito de Portalegre), Lisboa, 1943; Mário Pereira e Jorge Rodrigues, Elvas, Lisboa, 1995; Edwin Paar, "O sistema fortificado de Elvas no panorama da arquitectura militar europeia da época", Monumentos, n.º 28, 2008, pp. 52-57; Antonio Garcia Candelas, "La fortificación abaluartada de Badajoz y otras plazas de la raya", Castillos de España, n.º 152-154, 2008, pp. 155-160.
Linkshttp://igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70353/
http://igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70566/

http://www.discoverislamicart.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;6;pthttp://www.

Categoria(s)Arquitetura
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