| Descrição | As escavações realizadas num conjunto de edifícios adquiridos pelo Banco Comercial Português na Rua dos Correeiros, iniciadas em 1991, puseram a descoberto vestígios que remontam desde o séc. VII a.C. até ao terramoto de 1755. Este foi um espaço de utilização industrial (salga de peixe, fabrico de garum e de liquamen) desde a época romana, reutilizado no período islâmico, sobretudo para armazenamento mas também para a produção de cerâmica, como testemunha um forno construído em adobe, com eventual estrutura exterior em pedra, de forma rectangular. Foram encontrados fragmentos vários de cerâmica, maioritariamente de produção local e regional, destinada a uso doméstico e utilitário, mas também materiais importados, nomeadamente cerâmicas em corda seca, verde e manganês e pintadas a vermelho e negro. Pertencendo ao mesmo arrabalde ocidental da Lisboa islâmica, foi também intervencionado o chamado núcleo do Mandarim Chinês, onde foram identificados cinco fornos de cerâmica, bem como abundantes materiais cerâmicos. Esta zona da cidade teria, na época islâmica, uma intensa ocupação, com um conteúdo funcional específico relacionado com a sua localização ribeirinha, predominando as actividades portuárias, artesanais e comerciais.
|
|---|
| Bibliografia | Adalberto Alves, Em busca de Lisboa Árabe, Lisboa, CTT, 2002, p. 142; Jacinta Bugalhão e Susana Gomez Martínez, "Lisboa, uma cidade do Mediterrâneo Islâmico", Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro, Palmela, Porto, Câmara Municipal de Palmela, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2002, pp. 237-262; Clementino Amaro (coord.), Núcleo Arqueológico da Rua dos Coreeiros, Lisboa, Fundação BCP, 1995; M. Isabel Dias et al. "A produção de cerâmicas no arrabalde ocidental da Lisboa islâmica. Primeiros resultados arqueométricos", A Ocupação Islâmica da Península Ibérica. Actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular, Faro, Universidade do Algarve, 2008, pp. 157-167; Jacinta Bugalhão e Deolinda Folgado, "O arrabalde ocidental da Lisboa islâmica: urbanismo e produção oleira", Arqueologia Medieval, 7, 2001, pp. 111-145; Jacinta Bugalhão et al., "Vestígios de produção oleira islâmica no núcleo arqueológico da Rua dos Correeiros, Lisboa", Arqueologia Medieval, n.º 8, 2003, pp. 129-191.
|
|---|
