Descrição | Construção manuelina, com estrutura filiada no gótico mendicante, de planta em cruz latina, composta por três naves escalonadas, transepto saliente e cabeceira tripla escalonada, de topos poligonais. A cobertura das naves e transepto apresenta tectos de alfarge mudéjares de extraordinária riqueza e excelente execução, usando as técnicas de par y nudillo e de limas moamares. "O tecto da nave central de perfil trapezoidal é composto por uma esteira longitudinal ladeada por dois panos oblÃquos (saias), a que se aplicam regretas entrecruzadas, compondo laçarias geométricas que, na esteira, enquadram florões, pingentes e "senos" (conjuntos de prismas côncavos) dourados, e nas saias formam estrelas e losangos que interrompem o paralelismo das asnas. Os tectos das naves laterais são de pano único, embora com ângulo, possuindo esquema formal idêntico ao das saias da nave central. Ambas as coberturas se apoiam em frisos de madeira perfilados por cordão esculpido e são totalmente revestidas com pinturas de ramalhetes, flores e sobretudo grutescos que preenchem os interstÃcios das regretas e os frisos. Nos tectos da nave central, a temática é maioritariamente composta por grifos ou dragões alados, figuras hÃbridas com torso animal e cabeça humana, golfinhos semi-vegetalistas, grandes vasos floridos, máscaras e figura masculina armada de lança sobre carro triunfal, intercalados e envolvidos por enrolamentos de folhagem; nos panos laterais dominam pequenos vasos de ramagem e flores. Na nave lateral Sul, o friso apresenta série de águias alternadas com bucrâneos decorados com videiras e cornucópias e na lateral Norte grandes vasos ladeados por golfinhos, volutas vegetalistas e meninos alados que tocam dois tambores. As pranchas do tecto são preenchidas com candelabros, incluindo elementos vegetalistas e florais, vasos, taças e pequenas figuras humanas. Nos braços do transepto, os braços são oitavados, em maceira, sobre trompas de ângulo em leque, utilizando a técnica de “limas moamares” (laroz de viga dupla); a composição e decoração das esteiras assemelha-se à da nave central, diferindo nos frisos onde, para além dos grutescos, constituÃdos por bucrâneos, golfinhos, vasos, enrolamentos de folhagem e flores, cabeças de dragão e figuras humanas, surge heráldica manuelina: brasão real, esfera armilar e cruz da Ordem de Cristo, que marcam o eixo central das composições de grutescos” (www.monumentos.pt)
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Bibliografia | Pedro Dias, "Arquitectura mudéjar portuguesa: tentativa de sistematização", Mare Liberum, n.º 8, 1994, p. 84; Filipa Gomes do Avellar, “Epigrafia e iconografia na Igreja de Santa Maria Maior”, Monumentos, n.º 19, 2003, pp. 72-83; Rui Carita, “Os tectos de alfarge na Madeira, século XVI”, Actas do II Colóquio Internacional para a História da Madeira, Funchal, 1990; Maria del Carmen Fraga González, Capinteria Mudéjar en los Archipiélagos Atlánticos: Canarias, Madeira y Azores, Granada, 1993; João Lizardo, “A face interior da porta: um exemplo da importância da carpintaria mudéjar”, Monumentos, n.º 19, 2003, pp. 36-39; Lina Maria Marrafa de Oliveira, "Estrutura e decoração dos tectos de alfarge", Monumentos, n,º 19, 2003, pp. 40-49.
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